Maurício Pacheco Moreira - Arte, poesia e Rock
Faça o que quiser desde que não faça mal a ninguém
Textos
Não leia isso
Não se dê ao trabalho
de ler esse poema.
Não vale a pena
o esforço.

Nenhuma dor
é boa de sentir,
e eu não sou ninguém
importante.

Nunca fui,
nunca serei.
Só passei pela vida
das pessoas
como uma sombra despercebida.

Eu nunca estive lá,
só meu corpo.
Eu não sou nada pra ninguém,
nem deveria ser.

Talvez ela esteja certa sobre mim.
Eu só sei reclamar.
Talvez lugar nenhum
seja o meu lugar.

Talvez fosse pra eu
nem sequer ter nascido.
Talvez eu seja só
o resultado duma camisinha furada
numa noite de calor.

Não presto pra ser músico,
nem poeta,
quiçá um ser humano.

Se canto, sou desafinado.
Não sei a letra
e sempre parece que estou lendo.

Se toco, estou fora do tempo,
desafinado,
pois sou desatento.
Só me lembro de afinar
depois de ter gravado.

Preguiçoso demais pra refazer.

Meus poemas não dizem nada —
só cuspe impulsivo,
sem contexto,
sem valor.

Só o que vem na mente,
sem métrica ou rima.

Vaidade pra quê, né?
Vagabundo não se arruma,
não está nem aí pra nada,
estando cheio de tudo.

O que é alegria?
Só conheço apatia
e essa vontade de nunca mais
sair de casa.

Afinal,
dá tudo errado desde o começo.

Tenho um suposto “amor-próprio”
que se quebra por qualquer coisa.
Qualquer interação
é completa ilusão.

Me isolo do mundo,
porque o mundo se isolou de mim.

Não tenho redes sociais
e, as que tenho,
quase não uso.

Minha TV hoje queimou —
a única vista do mundo exterior,
além de galhos e folhas.

Os gatos me fazem companhia
ou eu que faço companhia a eles?
Sei lá...
São os únicos que respiram
perto de mim.

Se deitam e dormem.
Não ligam pra nada também.

Eu sou uma ameba:
cansado,
parado,
sem forças pra trabalhar.

Um ser humano
quebrado,
irreparável,
imprestável.

Umas coisas são reais,
outras inventam de mim.

Eu sou só o pó
que a vida esqueceu de queimar
e soprar pra longe.

Não quero túmulo
quando eu partir,
porque eu sequer existi.

Me cremem
e joguem meus restos no verde,
na mata.

É capaz de eu servir pra alguma coisa
quando não estiver mais aqui.

Obrigado por ter lido,
mas, como dito no título
e no começo,
não era pra você ter chegado aqui.

Isso não deve ser lido.

Vai ler algo bonito
em vez desse texto depressivo
e sem valor que eu escrevi.

Vai ver a beleza da vida
daqueles que sabem viver.

O dia vai chegar
em que ninguém vai lembrar
que um dia eu estive aqui.

Obrigado!
Adeus!
Maurício Pacheco Moreira
Enviado por Maurício Pacheco Moreira em 12/05/2025
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