A cidade da poesia perdida
A poesia fugiu
Só sobraram algumas letras
Sobre a mesa
Espalhadas, reviradas
Sem poder formar palavras
YFT? Não sei, talvez uma sigla
Mas como vou rimar?
Levou junto minha régua
Acho um O guardado na gaveta
Mas como se encaixa
O que forma?
OYFT? YOFT? YFOT? YFTO?
Não como monta-lo...
Vou pegar um sanduíche
Tem um A na geladeira
AYOFT? YAOFT? YOAFT?
YOFAT?
Vejo um I na parede
Perto de um quadro
Parafusado, no relógio
Preciso da minha chave de fenda
Abro minha caixa de ferramentas
Acho um T
Vou precisar dele para retirar o I
Depois eu formulo algo
Pego o I, mas o parafuso entorta
Lembra vagamente um C
Talvez eu possa reaproveita-lo
Ponho essas coisas na mesa e vejo se forma alguma palavra
TIC? ITC? ICT? CIT?
Se eu pegar o Y anterior, consigo CITY
Bom, é um começo
Decido tomar um banho
Quando vou me pentear
Percebo que meu pente é um E
Vamos ver se encaixa em algo!
CITY EOFAT? CITY OEFAT? CITY OFEAT?
CITY OF EAT?
Rio. Não pode ser.
Vou escrever uma canção sobre isso:
"All we living in City Of Eat
Where the poors dont sailing
And the richs are fats."
De repente, percebo que meu capotraste para um R. Talvez de pra usa-lo e minha estante, onde está a partitura, parece um H. Talvez isso mude algo. Talvez dê uma pista para onde a poesia foi.
Volto pra mesa da oficina então.
E tento montar as palavras novamente
CITY OF HREAT? CITY OF HERAT? CITY OF HEART!
É claro, sua cidade natal!
Maurício Pacheco Moreira
Enviado por Maurício Pacheco Moreira em 07/05/2025
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